Construindo Experiências Sem Gás com Sui Paymaster: Guia de Arquitetura e Implementação
Imagine um mundo onde os usuários podem interagir com seu dApp de forma contínua, sem a necessidade de possuir tokens nativos (SUI). Isso não é mais um sonho distante. Com a Gas Station da Sui (também conhecida como Paymaster), os desenvolvedores podem cobrir as taxas de gás em nome de seus usuários, removendo completamente uma das maiores barreiras para novos participantes da Web3 e permitindo uma experiência on-chain verdadeiramente sem atritos.
Este artigo fornece um guia completo para atualizar seu dApp para ser sem gás. Vamos nos aprofundar nos conceitos centrais do Sui Paymaster, sua arquitetura, padrões de implementação e melhores práticas.
1. Contexto e Conceitos Centrais: O que é uma Transação Patrocinada?
No mundo da blockchain, toda transação requer uma taxa de rede, ou "gás". Para usuários acostumados às experiências contínuas da Web2, isso é um obstáculo cognitivo e operacional significativo. A Sui aborda esse desafio no nível do protocolo com Transações Patrocinadas.
A ideia central é simples: permitir que uma parte (o Patrocinador) pague as taxas de gás SUI para a transação de outra parte (o Usuário). Dessa forma, mesmo que um usuário tenha zero SUI em sua carteira, ele ainda pode iniciar ações on-chain com sucesso.
Paymaster ≈ Gas Station
No ecossistema Sui, a lógica para patrocinar transações é tipicamente tratada por um serviço off-chain ou on-chain chamado Gas Station ou Paymaster. Suas responsabilidades primárias incluem:
- Avaliar a Transação: Ele recebe os dados da transação sem gás de um usuário (
GasLessTransactionData
). - Fornecer Gás: Ele bloqueia e aloca a taxa de gás necessária para a transação. Isso geralmente é gerenciado por meio de um pool de gás composto por muitos objetos SUI Coin.
- Gerar uma Assinatura do Patrocinador: Após aprovar o patrocínio, a Gas Station assina a transação com sua chave privada (
SponsorSig
), certificando sua disposição em pagar a taxa. - Retornar a Transação Assinada: Ele envia de volta os
TransactionData
, que agora incluem os dados de gás e a assinatura do patrocinador, para aguardar a assinatura final do usuário.
Em suma, uma Gas Station atua como um serviço de reabastecimento para os usuários do seu dApp, garantindo que seus "veículos" (transações) possam viajar sem problemas na rede Sui.
2. Arquitetura de Alto Nível e Fluxo de Interação
Uma transação típica sem gás envolve a coordenação entre o usuário, o frontend do dApp, a Gas Station e um Sui Full Node. A sequência de interação é a seguinte:
Detalhes do Fluxo:
- O Usuário realiza uma ação na UI do dApp, que constrói um pacote de dados de transação sem nenhuma informação de gás.
- O dApp envia esses dados para sua Gas Station designada para solicitar patrocínio.
- A Gas Station verifica a validade da solicitação (por exemplo, verifica se o usuário é elegível para patrocínio), então preenche a transação com uma Gas Coin e sua assinatura, retornando a transação semi-completa para o dApp.
- O Usuário vê os detalhes completos da transação em sua carteira (por exemplo, "Comprar um NFT") e fornece a assinatura final. Este é um passo crucial que garante que o usuário mantenha o consentimento e o controle sobre suas ações.
- O dApp transmite a transação completa, contendo as assinaturas do usuário e do patrocinador, para um Sui Full Node.
- Após a transação ser finalizada on-chain, a Gas Station pode confirmar isso ouvindo eventos ou recibos on-chain, e então notificar o backend do dApp via um webhook para fechar o ciclo do processo de negócio.
3. Três Modelos de Interação Principais
Você pode usar os três modelos de interação a seguir individualmente ou em combinação para atender às suas necessidades de negócio.
Modelo 1: Iniciado pelo Usuário → Aprovado pelo Patrocinador (Mais Comum)
Este é o modelo padrão, adequado para a grande maioria das interações dentro do dApp.
- Usuário constrói
GasLessTransactionData
: O usuário realiza uma ação dentro do dApp. - Patrocinador adiciona
GasData
e assina: O backend do dApp envia a transação para a Gas Station, que a aprova, anexa uma Gas Coin e adiciona sua assinatura. - Usuário revisa e dá a assinatura final: O usuário confirma os detalhes finais da transação em sua carteira e a assina. O dApp então a submete à rede.
Este modelo atinge um excelente equilíbrio entre segurança e experiência do usuário.
Modelo 2: Airdrops/Incentivos Iniciados pelo Patrocinador
Este modelo é perfeito para airdrops, incentivos a usuários ou distribuições em lote de ativos.
- Patrocinador pré-preenche
TransactionData
+ assina: O Patrocinador (tipicamente a equipe do projeto) pré-constrói a maior parte da transação (por exemplo, enviando um NFT por airdrop para um endereço específico) e anexa sua assinatura de patrocínio. - A segunda assinatura do usuário a torna efetiva: O usuário só precisa assinar esta transação "pré-aprovada" uma vez para que ela seja executada.
Isso cria uma experiência de usuário extremamente fluida. Com apenas um clique para confirmar, os usuários podem reivindicar recompensas ou completar tarefas, aumentando drasticamente as taxas de conversão de campanhas de marketing.
Modelo 3: GasData Curinga (Modelo de Linha de Crédito)
Este é um modelo mais flexível e baseado em permissões.
- Patrocinador transfere um objeto
GasData
: O Patrocinador primeiro cria um ou mais objetos Gas Coin com um orçamento específico e transfere a propriedade diretamente para o usuário. - Usuário gasta livremente dentro do orçamento: O usuário pode então usar livremente essas Gas Coins para pagar por quaisquer transações que ele inicie dentro dos limites e período de validade do orçamento.
- Gas Coin é devolvida: Uma vez esgotado ou expirado, o objeto Gas Coin pode ser projetado para ser automaticamente destruído ou devolvido ao Patrocinador.
Este modelo é equivalente a dar ao usuário um "cartão de crédito de taxa de gás" com tempo e orçamento limitados, adequado para cenários que exigem um alto grau de autonomia do usuário, como oferecer uma experiência free-to-play durante uma temporada de jogo.